SOLUÇÃO A FRANCESA
No final de 2013, o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) e o presidente da França, François Hollande, firmaram um acordo a fim de possibilitar que o rio Tietê seja despoluído com a mesma tecnologia utilizada no rio Sena. Considerado biologicamente morto nos anos 1960, hoje o Sena está revitalizado. Isso aconteceu devido à realização de um programa sério com a estratégia básica de tratar os esgotos e resíduos, por meio de diversas Estações de Tratamento (ETEs) e a implementação de leis rigorosas. Essas leis punem as indústrias que poluem o rio, com multas que podem chegar a R$ 300.000,00 (o valor das multas aplicadas é direcionado para o projeto de revitalização).
Quando fomos informados pela mídia que o mesmo programa usado para limpar o rio que corta Paris seria aplicado no Tietê por meio da formalização da iniciativa entre São Paulo e Île-de-France, região mais populosa e rica da Europa, imaginamos que tal cooperação poderia trazer esperanças de que o maior rio de São Paulo voltasse a ter água limpa.
Mas é importante destacar que a recuperação do Rio Sena foi possível graças a investimentos milionários, leis de proteção e reorganização do sistema de abastecimento de água de Paris. Além das altas verbas, o programa de limpeza do rio francês dependeu, crucialmente, do engajamento político e de outros esforços da sociedade civil. E esses esforços geraram resultados que são exemplos para o mundo todo: em 2009, por exemplo, o Salmão do Atlântico retornou ao Sena, acompanhado de várias espécies que habitavam suas águas.
Acreditamos que o conhecimento e as tecnologias aplicadas na recuperação do Rio Sena são muito bem vindas, como também, todas e quaisquer outras experiências e práticas de sucesso aplicadas em outras cidades do mundo.
Mas o mais importante para o sucesso de tais iniciativas, além dos substanciais investimentos financeiros é contar com o comprometimento político a longo prazo, participação da sociedade civil, seriedade, competência e a transparência na execução de um programa desta magnitude. Não podemos esquecer que, há mais de 20 anos, a SABESP faz a gestão do “Projeto Tietê”. Bilhões de reais já foram destinados para a despoluição do Tietê na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) e os resultados, são satisfatórios?