Exemplo de iniciativa que transforma

O individuo como base de transformação!

Cientista utiliza nanotecnologia para despoluir lagoa em Huaral, no Peru. Local estava tomado pelo lixo e espécies exóticas invasoras…

Para o cientista Marino Morikawa, despoluir a lagoa “El Cascajo”, no Peru, é como preservar memórias de infância. O local, transformado em um depósito ilegal de lixo, era frequentado por ele e os pais há mais de 20 anos. Adulto e biocientista, Morikawa usou nanotecnologia para recuperar o manancial.

O trabalho teve início em 2010, com recursos próprios. O primeiro passo, foi analisar a qualidade da água, para ter uma ideia da real situação. Com o passar dos anos, El Cascajo foi tomada pelo lixo e espécies aquáticas invasoras, além de ter a mata ciliar desmatadas.

“Lembro-me da lagoa como uma área cercada por áreas verdes e uma variedade de aves e peixes. Depois de 22 anos decido voltar e fico surpreso porque este espaço natural não estava protegido e em situação de emergência ambiental”

Relata o cientista.

O passo seguinte, foi o trabalho manual, que envolveu a comunidade, para retirar lixo e plantas aquáticas da água. Por fim o cientista criou bombas e biofiltros, que usam nanotecnologia, para despoluir a lagoa. Em dois meses surgiram os primeiros resultados.

Nascido no Peru, na província de Huaral, a 80 quilômetros da capital, Lima, Morikawa  e os pais frequentavam a lagoa para pescar e nadar na década de 1980. Ele deixou o Peru, para estudar no Japão e retornou em 2010, aos 27 anos, como pesquisador e professor na Universidade de Tsukuba, no país da Ásia.

Baseado em suas experiências como professor no Japão, Morikawa resolveu lançar mão da nanotecnologia utilizando um sistema que produz bolhas e biofiltros. Para aplicar a tecnologia, utilizou bombas de ar que passam por um dispositivo, criado por ele mesmo, e gera nanobolhas, que são bolhas de ar tão pequenas que não podem ser vistas a olho nu.

O mecanismo funciona da seguinte maneira: as bactérias que poluem a água ficam presas nas bolhas e morrem, pois não conseguem se alimentar. Mas o esforço de limpeza não ficou por conta apenas das máquinas: as plantas aquáticas foram retiradas da água manualmente.

A iniciativa foi tão importante, que resultou em um relatório que foi encaminhado ao Congresso Nacional do Peru.

Resultados

Os primeiros resultados apareceram na química da água na lagoa. Os níveis de contaminantes diminuíram e a quantidade de matéria orgânica, que retirava o oxigênio da água, foi drasticamente reduzida. Em sete meses, peixes e aves começaram a ressurgir no local.

“Ações humanas diretas e indiretas foram prejudiciais para o meio ambiente e a atmosfera. Não fazer nada para a recuperação ou pior, nenhuma ação para evitar sua destruição levaria à perda total. No entanto, a mãe natureza não só é sábia, mas também grata e responde positivamente ao nosso pequeno estímulo baseado em um grande esforço para alcançar a recuperação de parte do ambiente que se acreditava perdido”, diz.

Desde 2010, mais de 40 espécies de aves migratórias voltaram a utilizar a lagoa como local de descanso. Também é possível encontrar animais às margens da água. Mas Morinawa não pretende parar por aí: seus próximos alvos são o lago Titicaca e a lagoa Huacachina. Com o exemplo de sucesso, ele conta com o apoio do Governo Peruano e de voluntários motivados pelos resultados de El Cascajo.

Acreditamos que ações como estas possam inspirar a população, iniciativa privada e governantes a buscar efetivamente uma solução para despoluição e renaturalização de nossos rios e lagos!