Nossa inadimplência ambiental
Quando olhamos o rio Tietê, na região metropolitana de São Paulo, não conseguimos dimensionar que este rio morto renasce e continua sendo muito importante para a população e a economia do Estado. São múltiplos usos que suas águas proporcionam. E todas esses usos são de fundamental relevância, que não corresponde ao descaso com que o tratamos o nosso rio.
Você sabia que uma das maiores hidrovias do país, a Tietê-Paraná, está parcialmente interditada por causa da seca? O nível do rio Tietê baixou quase quatro metros no ponto mais crítico da passagem das embarcações, em Buritama (SP).
O custo do mau uso dos rios
Uma equipe monitora 24 horas por dia trechos do local para tentar evitar que embarcações encalhem. Mesmo assim, várias já ficaram presas ao leito do rio. Os comboios de grande porte – com mais de 2.29 metros de calado, que é a parte da embarcação que fica submersa – não tem condições de atravessar os pontos mais críticos. Isso ocorre pela presença de pedras e bancos de areia. Aliás, esse é o caso da eclusa da Usina Nova Avanhandava.
Algumas barcaças ficaram encalhadas e grandes quantidades de grãos e açúcar acabaram sendo transportadas por caminhões. Para desencalhar é preciso fazer uma operação chamada “onda de vazão”. E para aumentar o nível da água nos reservatórios, as usinas precisam gerar energia. Quando as turbinas funcionam, a água é liberada. Somente com elas é possível seguir viagem. O problema é que os reservatórios estavam sendo poupados por causa da estiagem.
Em maio de 2014, a hidrovia chegou a operar com apenas 30% da capacidade. Assim, o caminho para exportação da soja, que segue do centro oeste para o Porto de Santos, ficou comprometido. A seca também atrasou a viagem das barcaças, que tem que aguardar mais para passar pelas hidrelétricas. A viagem que dura em média sete dias agora é feita em até três semanas.
Para não encalhar, as barcaças têm viajado com apenas dois terços da capacidade. O resto da carga vai de caminhão. E isso acaba sobrecarregando as rodovias do estado de São Paulo, bem como os custos de transporte e os índices de emissões de Gases do Efeito Estufa – GEEs.
Como podemos observar, nossa inadimplência ambiental está sendo cobrada e o valor é incalculável. Estamos certos que uma das maneiras de amenizar nossa dívida é dedicarmos a devida atenção aos recursos hídricos do planeta e para a revitalização e resgate do nosso rio Tietê.