A fundamental importância dos rios
Um relato comum dos poucos homens que estiveram além da estratosfera é que a terra é azul.
Nos habitamos um planeta azul, o Planeta Água, pois 75% da superfície do nosso planeta é coberta por água e este líquido precioso compõe até 60% do corpo do homem e 50% da mulher, como também, grandes proporções da fauna e flora. Água é vida!
Acontece que dessa imensa quantidade de água somente 2,5% é doce e 97,5% é salgada compondo os oceanos. Da água doce, 69% encontra-se em estado solido nas calotas polares e glaciares e 30% é subterrânea, restando por consequência 1% de água doce localizada nos lagos e rios do planeta.
Esses números demostram, de forma inquestionável, a importância que devemos dedicar para a preservação da quantidade e manutenção da qualidade da água de nossos rios, em especial em regiões do país submetidas à condição de escassez hídrica, caso típico da Região Metropolitana de São Paulo, a maior do Brasil e responsável pela geração de aproximadamente 20% de seu PIB.
Os limites geográficos da RMSP estão bem próximos daqueles que delimitam a Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, sendo que o rio atravessa a cidade de leste a oeste numa extensão próxima de 30 quilômetros, a chamada Marginal Tietê e em todo esse percurso recebe uma grande quantidade de esgotos domésticos não tratados e poluição difusa o que eleva brutalmente seu nível de poluição, transformando-o em boa parte do ano numa verdadeira cloaca a céu aberto.
Em situação não diferente, encontram-se vários dos córregos e rios que nele desaguam, muitos deles na chamada condição de rio morto, com índice de oxigênio dissolvido igual a zero.
Um exemplo maior dessa condição deplorável pode ser observado no rio Pinheiros, o esquecido rio que no início do século passado era utilizado até como piscina pelos clubes e como área de lazer pelos habitantes mais próximos de suas margens, nos 25 quilômetros de extensão que atravessam a cidade de São Paulo.
São várias as razões que explicam essa degradação durante os 100 anos passados e que não serão aqui abordadas, pois o foco maior será o futuro, ou seja, a anunciada despoluição do rio através do projeto batizado pelo atual governo como “Novo Pinheiros”.
Alguns dos resultados propostos pelo Governador João Dória e membros de sua equipe são audaciosos e acreditamos nesta ousadia. Como a respeito de gerar condições de navegabilidade, permitindo transporte de cargas, passageiros e até turismo, em semelhança aos mundialmente famosos passeios pelo rio Sena em Paris, dentre outros rios que irrigam, abastecem e cumprem suas múltiplas funções que são fundamentais para as cidades.
O projeto também contempla o aproveitamento, de edificações já existentes no leito do rio, a exemplo da chamada Usina Elevatória de Traição. Serão criados espaços onde estarão disponibilizados diuturnamente serviços e lazer para a população, tais como restaurantes, bares, lojas, casas de espetáculos e outras instalações. Comparando-se ao caso de sucesso internacional, o complexo de Puerto Madero em Buenos Aires.
Devemos relembrar que a população com todo direito e razão sempre cobrou ações governamentais que permitam aos rios Tietê e Pinheiros alcançarem, paulatinamente, níveis mínimos de adequação para sua água, possibilitando uma efetiva convivência e integração dos paulistanos e visitantes com tudo aquilo que o rio pode oferecer. Ninguém pode criticar iniciativas que conduzam com responsabilidade e seriedade o atingimento desses objetivos.
Nosso posicionamento, como organização da sociedade civil de interesse público OSCIP é acreditar, apoiar e participar efetivamente deste projeto em cumprimento da nossa missão:
“Unir esforços para gerar mudanças comportamentais da sociedade por meio de projetos e atividades educativas, ambientais, urbanísticas, esportivas, culturais, turísticas, artísticas e sociais, fomentando a importância da recuperação e resgate da integridade dos rios e a preservações das bacias hidrográficas priorizando a qualidade de vida da população e meio ambiente.”
Com as experiências que adquirimos na prática durante os últimos 14 anos, entendemos que podemos somar na conquista das ambiciosas metas propostas no projeto “Novo Pinheiros” tão aclamado e sonhado por todos nós paulistanos.